domingo, 27 de novembro de 2011

Lições de língua yorubá – Lição 9/12 - Ẹ̀kọ́ Mẹ́sàn/Éjìlá

(Àwọn ìwé ẹ̀kọ́ èdè yorùbá – Ẹ̀kọ́ Mẹ́sàn/Éjìlá)

Professores:
Prof. Dr. Sidnei Barreto Nogueira
Prof. Mestre José Benedito de Barros

A aula teve início com a lenda de Obará, contada pelo Olùkọ́ José Benedito. Depois, o Olúkọ́ Sidnei deu prosseguimento à aula, fazendo uma exposição sobre o sistema orácular yorùbá, falando especificamente sobre os dezesseis odus. Após, foram trabalhados alguns exercícios de fixação.

A lenda de Obará

Significado de algumas palavras da língua yorùbá utilizadas na lenda:
Odu: caminho, destino.
Oluwo: O senhor do segredo, guardião do saber de Ifá.
Olofin: Senhor da Lei, Rei.


Obará

Dizem que no principio do mundo, 15 dos 16 odus seguiram todos à casa do Oluwo, afim de procurar os meios que os fizessem mudar de sorte, mas nenhum deles fez o que foi determinado pelo Oluwo. Obará, um dos dezesseis odus existentes, não se encontrava no grupo na ocasião em que os demais foram consultar o Oluwo. Sendo ele, porém, sabedor do ocorrido, apressou-se em fazer o que o Oluwo determinara. Os demais odus não fizeram por simples capricho da sorte. Obará com afinco fez o máximo que pode para conseguir seu desejo, dada a sua condição precária, de pobreza. Como era de costume, os 15 odus, de cinco em cinco dias, iam à casa de Olofin, e nunca convidavam Obará, por ser ele muito pobre, tanto que olhavam para ele sempre com menosprezo. Pois, então, foram à casa de Olofin, jogaram e até altas horas do dia não acertaram o que queriam que Olofin adivinhasse e, com isso, acabou que todos eles se retiraram sem ter sido satisfeita sua curiosidade. Olofin, com desprezo, ofereceu uma abóbora a cada um deles, e eles, para não serem indelicados levaram consigo as abóboras ofertadas.
No caminho, porém, alguém se lembrou apontando para a casa de Obará, de fazer ali uma parada, embora alguns fossem contra, dizendo que não adiantaria dar semelhante honra a Obará, pois ele era um homem simples que nunca influenciava em nada.
Mas um deles, mais liberal, atreveu-se a cumprimentar obara-meji com estas palavras:
-- Obará, bom dia! Como vais de saúde? Será que hás de comer com estes companheiros de viagem?

Imediatamente respondeu ele que entrassem e se servissem da comida que quisessem. Dito isso, foram entrando todos, eles que já vinham com muita fome, pois estavam desde a manhã sem comer nada na casa de Olofin.

A dona da casa, esposa de Obará, foi ao mercado comprar carne para reforçar a comida que tinha em casa e, em poucas horas, todos almoçaram à vontade. Depois, Obará convidou todos para que se deitassem para um repouso, pois estavam todos cansados e o sol estava ardente.

Mais tarde eles se despediram do colega e lhe disseram:
-- fica com estas abóboras para ti -- e lá se foram satisfeitos com a gentileza e a delicadeza do colega pobre e, até então, sem valia.

Mais tarde, quando Obará procurou por comida, sua mulher o censurou por sua fraqueza e liberalidade, dizendo que ele tinha querido mostrar ter o que não tinha, agradando aqueles que nunca olharam para ele, e nunca ligaram nem deram importância ao colega.
Porém, as palavras de Obará eram simples e decisivas.
-- Eu não faço mais do que ser delicado aos meus pares. Estou cumprindo ordens e sei que fazendo estes obséquios, virá à nossa casa prosperidade instantânea.

Finda explicação, Obará pegou uma faca e cortou uma abóbora, surpreendendo-se com a quantidade de ouro e pedras preciosas que havia dentro dela. Surpreso, e com muita felicidade, viu que uma abóbora havia lhe dado o título de odu mais rico, porém logo percebeu que havia mais outras 14 abóboras a serem abertas e em cada uma delas havia outras riquezas em igual quantidade.

Obará comprou tudo que precisava, palácio e até cavalos de várias cores.
Daí que estava marcado o dia para todos os odus irem novamente à conferência no palácio de Olofin. Como era de costume, já muito cedo, achavam-se todos no palácio, cada um no seu posto junto a Olofin.

Quando Obará veio vindo de sua casa, notou-se que uma multidão o acompanhava, até mesmo os músicos de uma enorme charanga. Enfim, todos numa alegria sem par. De vez em quando Obará mudava de um cavalo para outro em sinal de nobreza.

Os invejosos começaram a tremer e esbravejar, chamando a atenção de Olofin que indagou o que era aquilo. Foi então que lhe informaram que era Obará. Então perguntou Olofin aos demais odus o que tinham feito com as abóboras que presenteara a eles. Responderam todos que haviam jogado no quintal de Obará. Disse então Olofin que a sorte estava destinada a ser do rico e próspero Obará, o mais rico de todos os odus.

O sistema divinatório de Ifá
No começo dos tempos não havia separação entre o aye (terra) e o céu (ọ̀run). Havia muitis seres nesse mundo, dentre eles os orisas, governados por Olodumáre, o preexistente. Um dia os dois mundos se dividiram. O ọ̀run é habitado por orixás e outros seres sob o comando de Olorún, o senhor ou Deus do ọ̀run, o espaço celeste. ICom a separação dos dois mundos, Ifá, dono da sabedoria, ficou no ọ̀run. Aqui no ayé ficaram os oluwos ou babalawos como represenantes dele, guardiões dos segredos contidos nos 16 odús principais, que com os desdobramentos chegam a 256 odus. A cada odu há lendas próprias que o explicam.
Quando alguém quer compreender como está sua existência ou quer uma orientação para escolher o caminho mais apropriado, procura o Oluwo, que joga os dezesseis búzios (erindinlogun ou merindilogun) ou o Opelé de Ifá (colar de Ifá). O jogo revelará qual é o odu apropriado. Cada odu tem inúmeras lendas que uma vez interpretadas indicarão a melhor orientação para o consulente.
Uma observação. No sistema erindilogun, temos a combinação de Ifá e seu amigo Exu, que é o que possibilita a comunicação entre os dois mundos e a codificação/decodoficação da mensagem.
Agora, uma breve descrição de cada um dos dezesseis odus e as entidades a eles associados. Antes, é bom lembrar que a descrição varia um pouco conforme a tradição de cada grupo étnico e os diversos pesquisadores que divulgam as tradições yorubás.

A descrição a seguir é William Bascom, em sua obra Sixteen cowries (dezesseis búzios ou dezesseis odus)
Bascom, William. Sixteen cowries. Yoruba Divination from Africa to the New World. Bloomington: Indiana University Press, 1980.

1. Okanran – Eṣu
2. Eji-oko – Ibejí
3. Etá Ogundá – Yemanjá
4. Irosun – Ògún
5. Oṣe – Ọṣún
6. Obará – Ṣàngó, Ọdẹ
7. Odi – Omolu, Ọdẹ
8. Eji onilé – Ori, Oṣaguian
9. Osá – Ọya
10. Eji ofun – Òṣálálufọ́n
11. Aworin – Ọya
12. Ejila Ṣeborá – Ṣàngó
13. Eji-ologbọ́n – Ikú, Ọbaluaiyé
14. Iká-ori – Òṣùmàrè, Ewá
15. Itoripọ́n – Namburukú
16. Aláfia - Òṣálá

Exercícios
Exercício 6
Encontre seu amigo e faça algumas perguntas para ele
Corrigidos em sala de aula:
1. Saúde – Báwo ni? Ṣé àlàáfia ni?
2. Casa, família – Ilé ńkọ́?
3. Trabalho - Iṣẹ́ ńkọ́?
4. Irmãos mais novos - Wọ́n àbúrò ńkọ́?
5. Pai – Bàbá ńkọ́?
6. Mãe – Màmá ńkọ́?

Exercício 7
Faça uma ligação entre as sentenças da primeira coluna com as respostas da segunda.
1. Báwo ni? - A. Ó wà?
2. Ṣé àlàáfíà? - B. Ọjọ́ kan pẹ̀lú.
3. Ilé ńkọ́? - C. Dáadáa ni.
4. Bàbá ńkọ́? - D. Ò dàbọ̀.
5. Iṣẹ́ ńkọ́? - E. Wọ́n wà.
6. Ó péjọ́ mẹ́ta - F. A dúpẹ́.
7. Ò dàbọ̀ - G. ń lọ dádáá.
Respostas: 1C; 2F; 3A; 4-E; 5G; 6B; 7D.
Exercícios para fazer em casa.

Exercício 8
Diga a seu amigo que Dúpẹ́ acabou de fazer o seguinte:
1. Levantou-se. - Dúpẹ́ ṣẹ̀ṣẹ̀ jí.
2. Comeu (alimentou-se). –
3. Tomou um banho. –
4. Foi ao escritório.
5. Foi à escola.
6. Foi ao aeroporto.
7. Foi ao zoológico.
8. Foi ao Museu.

Exercício 9
Diga a alguém que você está indo aos seguintes lugares:
1. Aeroporto. – Mo ń lọ si ilé òfurufú.
2. Escola
3. Escritório
4. Museu
5. Aula
6. Trabalho
7. Mercado
8. Estação Ferroviária
9. Zoológico
10. Residência (casa)

Exercício 10
Como você responderia às seguintes perguntas? (use a dica em parênteses)
1. Níbo ni o ń lọ? (restaurante) – Mo ń lọ si ilé ounjẹ.
2. Báwo ni nǹkan? ( - ) –
3. Níbo ni Dúpẹ́ wà? (escritório) –
4. Ṣé o si jí dáadáa? (sim) –
5. Ṣé o ń lọ si ilê-ikàwé? (não) –
6. Ṣé Túnjí lọ si mùsíòmù? (sim) –
7. Ṣé o ti jẹun? (não) –
8. Ṣé màmá rẹ pẹ́ ní ibi-iṣẹ́ lánàá? (não) –
9. Ẹ̀gbọ́n Túnjí dà? (mercado) –
10. Ṣé àlàáfíà ni? ( - )

Exercício 11
Que perguntas você usaria para as seguintes situações.
1. Para descobrir se Kunle foi ao trabalho. - Ṣé Kúnlé ti lọ síbi íbi-iṣẹ́.
2. Para descobrir se Kunle retornará.
3. Para descobrir se Dupé foi à escola ontem.
4. Para descobrir se o pai de Dupé estava atrasado para vir para casa.
5. Para descobrir se Tunji esta em casa.

Exercício 12
Você está prestes a sair para o trabalho de manhã e sua criança vem cumprimentar você antes de você sair. Pergunte a ela como ela dormiu e se ela já comeu. Faça o papel de mãe apenas.
Mãe: Você dormiu bem?
Criança:
Mãe: Você comeu?
Criança:

Exercício 13
Faça uma lista de todos os verbos e seus significados no diálogo 1 desta unidade.
O diálogo 1 foi trabalhado na aula do dia 19/11 (aula 8) e está postada neste blog. Segue reprodução abaixo.

Diálogo entre Dúpẹ́ e sua ex-professora.

Dúpẹ́: Ẹ káàsán Mà.
Arabìnrin Ọdúnsì: Òo, káàsán. Báwo ni nǹkan?
Dúpẹ́: Dáadáa ni.
Arabìnrin Ọdúnsì: Ó péjọ́ mẹ́ta.
Dúpẹ́: Ọjọ́ kan pẹ̀lú Mà.
Arabìnrin Ọdúnsì: Ṣ’álàáfíà ni?
Dúpẹ́: A dúpẹ́ Mà.
Arabìnrin Ọdúnsì: Ilé ńkọ́?
Dúpẹ́: Ó wà.
Arabìnrin Ọdúnsì: Iṣẹ́ ńkọ́?
Dúpẹ́: Ó ń lọ dáadáa.
Arabìnrin Ọdúnsì: Bàbá ńkọ́?
Dúpẹ́: Wọ́n wà.
Arabìnrin Ọdúnsì: Màmá ńkọ́?
Dúpẹ́: Wọ́n wà.
Arabìnrin Ọdúnsì: Pẹ̀lẹ́, ó dàbọ̀.
Dúpẹ́: Ó dàbọ̀ Mà.

Ó dàbọ̀ gbogbo!

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