Dia de Zumbi! Dia de rememorar.
José Benedito de Barros
Hoje, 20 de novembro, é dia de relembrar as experiências dos quilombos,
territórios livres de luta e de vivência comunitária das comunidades negras
afro-brasileiras. Essas comunidades são conhecidas como um espaço de
acolhimento das diferenças e de ampliação das possibilidades de vida, tanto
para africanos, afro-brasileiros e grupos sociais oriundos de outras etnias. As
forças monárquicas, colonialistas e escravocratas pensavam que, assassinando
Zumbi dos Palmares, um dos grandes líderes do Quilombo dos Palmares, poderiam
deter o sonho de liberdade e de igualdade de nosso povo. Assim, em 20 de
novembro de 1695, Zumbi foi assassinado. Será que tudo acabou? Aqui vou listar
20 notícias que selecionei para afirmar que aquele sonho continua vivo. Sugiro
que cada um que está lendo estas linhas façam o mesmo, visto que esta seleção
expressa a minha visão.
1.
Existem no
Brasil, na atualidade, mais de 3500 comunidades remanescentes de quilombos.
2.
Além de
Zumbi dos Palmares outras lideranças históricas da comunidade são lembradas
neste dia: Aqualtune (1600), princesa e comandante militar; Dandara (1694), guerreira
dos Quilombos dos Palmares; Antônio Francisco de Lisboa – Aleijadinho
(1738-1814), escultor; Teresa de
Benguela (1770?), rainha do Quilombo de Quariterê; Mestre Valentim
(1745-1813) - paisagista e arquiteto; Padre José Maurício (1767-1830) - músico
e compositor; Maria Firmina do Reis (1822-1917) - escritora e professora; Luís
Gama (1830-1882) - escritor e ativista político; André Rebouças (1838-1898) -
engenheiro e ativista político; Francisco José do Nascimento (1839-1914) -
marinheiro e ativista político; Machado de Assis (1839-1908) - escritor,
jornalista e poeta; Estêvão Silva (1845-1891) - pintor, desenhista e professor;
José do Patrocínio (1853-1905) - farmacêutico e ativista político; João da Cruz
e Souza (1861-1898) - poeta e escritor; Nilo Peçanha (1867- 1924) - presidente
da República; Mãe Menininha do Gantois
(1894-1986) – Iyalorixá; Pixinguinha (1897-1973) - músico, compositor e
arranjador; Antonieta de Barros
(1901-1952) - professora, jornalista e deputada; Laudelina de Campos Melo
(1904-1991) - empregada doméstica e ativista política; Carolina de Jesus
(1914-1977) – escritora; Abdias do Nascimento (1914-2011) - intelectual, ator e
político; Adhemar Ferreira da Silva (1927-2001) - atleta olímpico; Grande Otelo
(1915-1993) - ator e cantor; Ruth de Souza (1921-2019) – atriz; Marielle Franco (1979-2018) - socióloga,
ativista e vereadora.
3.
A
população negra no Brasil é maioria. Levantamento de 2016 revela que mais de 54%
da população é formada por pretos e pardos. Dos 205,5 milhões de habitantes, pelo
menos 112 milhões se declararam como pertencentes a este segmento.
4.
Dados de
2019 mostram que que estudantes negros e pardos constituem, pela primeira vez,
a maioria dos estudantes nas universidades públicas brasileiras.
5.
Nas
eleições de 2018 foram eleitos 65 parlamentares
(deputados federais, estaduais, distritais, senador).
6.
Notícia de 2015 mostra que 28,9 % dos estudantes de pós-graduação no
Brasil são negros.
7.
Além de
Nilo Peçanha, o primeiro presidente negro do Brasil, tivemos também um
presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.
8.
Para quem
gosta de literatura, eis alguns escritos negros: Machado de Assis; Lima Barreto, Solano Trindade, Maria
Firmina dos Reis; Carolina Maria de Jesus; Cruz e Sousa; Joel Rufino dos
Santos; Conceição Evaristo; Elisa Lucinda; Elizandra Souza, Geni Guimarães.
9.
No
principal campeonato Brasileiro de futebol, o brasileirão, há dois técnicos
negros: Roger Machado e Marco Aurélio de Oliveira.
10.
Dos seis
jogadores de futebol brasileiros, tidos como melhores do mundo, cinco são
negros: Pelé, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Romário. A eles, soma-se Marta.
11.
Artistas brasileiros
em destaque na atualidade: Lázaro Ramos, Milton Gonçalves, Taís Araújo, Zezé
Motta.
12.
Apresentadores
e repórteres de TV: Glória Maria e Maria Julia Coutinho.
13.
Cantores e cantoras: Milton Nascimento, Djavan, Jorge Aragão, Iza; Karol Conká; Elza Soares.
14.
Pesquisadoras: Norma Odara, Enedina Alves,
Viviane dos Santos Barbosa, Maria Beatriz do Nascimento, Sonia Guimarães,
Simone Maria Evaristo, Luiza Bairros, Anita Canavarro, Katemari Rosa;
15.
Pesquisadores: Milton Santos, Joel Rufino dos
Santos.
16.
Clubes sociais negros: centenas espalhados em
todo o Brasil. A maioria foram constituídos após a Abolição. Muitos fecharem.
Mas há clubes que existem até hoje. São lugares de encontro, de convivência e
de diversão da comunidade negra.
17.
Línguas africanas. No Brasil são faladas mais
de 250 línguas. Dentre estas estão as línguas africanas, como o quimbundo, o
quicongo, o ioruba, dentre outras. Palavras como: axé, acarajé, moleque, quitanda,
samba e ginga, são exemplos de palavras africanas incorporadas às falas de
nosso cotidiano.
18.
A cultura afro-brasileira é reconhecida
internacionalmente. Quem nunca ouviu falar do Samba, da Capoeira, do Maculelê,
da Umbanda, do Candomblé, do Vatapá, do Acarajé?
19.
As Leis
10.639/2003 e 11.645/2008, incorporadas na Lei de 9.394/96 (LDB), obrigam o
estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas públicas e
privadas do ensino fundamental e médio.
20.
Em 2014 a
UNESCO reconheceu a Capoeira, manifestação cultural afro-brasileira, como Patrimônio
Cultural Imaterial da Humanidade.
Viva Zumbi! Viva Palmares!
José Benedito de Barros
Mestre em Educação pela Unesp de Rio Claro-SP.